quarta-feira, setembro 26, 2007

Trajos de Apanhadores de Chá – Ilha de São Miguel - Açores

Os Açores são a única região europeia a produzir chá.
Não havendo um registo oficial da data de introdução do chá na ilha de S. Miguel, a partir de vários relatos acredita-se a inserção inicial datar de 1750. Em 1878, a Sociedade Promotora da Agricultura Micalense procurou impulsionar a agricultura local, escolhendo a cultura do chá como umas das vertentes a apoiar. Assim no mesmo ano, chegaram a S. Miguel dois chineses da cidade de Macau, contratados com a finalidade de desenvolver as técnicas desta cultura. O cultivo do chá, encontra nos Açores condições favoráveis ao seu desenvolvimento, sendo a ilha de S. Miguel a que reúne as melhores. Até meados do século XX havia 12 a 15 plantações de chá nos Açores, principalmente na costa norte da ilha, no concelho de Ribeira Grande. A produção começou a decair, principalmente com a política do Estado Novo de protecção ao chá de Moçambique. Depois, a pouco e pouco, foram desaparecendo. Actualmente restam somente duas plantações, a da Gorreana e a de Porto Formoso.
Esta longa tradição de cultura de chá influenciou a indumentária regional, adaptando o trajo à actividade específica da colheita.
O homem usa um chapéu de palha feito com tranças de 6 pernas. É diferente do das mulheres porque estes são feitos com tranças de 8 pernas. A camisa é bastante comprida, até aos joelhos, com aberturas aos lados. As mangas são pouco franzidas e terminam com punho abotoado por um botão. Junto ao pescoço é rematado por um cós baixo a partir do qual, e ao meio, tem uma trincha que remata com botões. A fazer o peito tem nervuras perpendiculares que terminam na altura da trincha. Calças largas de cor igual à camisa e sandálias de cabedal com tira larga sobre o pé deixando os dedos à mostra.
A mulher usa a cabeça coberta com um lenço branco que envolve o rosto e amarra sobre a nuca. Chapéu de aba larga em palha, feito muitas vezes pelas próprias mulheres. Blusa branca com nervuras nas mangas, que são compridas, rematando em baixo com um folhinho de bordado inglês. A blusa, confeccionada em linho grosseiro, é usada por fora da saia de xadrez de duas cores. A saia é franzida na cintura e deve rematar com um cós baixo abotoado com um botão simples e com uma abertura que fecha com molas. Nos pés usa meias brancas rendadas e galochas simples, que devem ser cepos de madeira cobertos de tecido.
Referência Bibliográfica: Tomaz Ribas in O Trajo Regional em Portugal, Difel, 2004
Sites recomendados:
Plantações de Chá Gorreana
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